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Diza Gonzaga na Primeira Conferência Ministerial pela Segurança no Trânsito (Moscou/Rússia)
Sérgio Néglia | Arquivo FTMG
01/03/2021
Fundação é destaque em reportagem sobre resultados da Década de Ação para a Segurança Viária 2011-2020
Comunicação Vida Urgente
De Moscou a Estocolmo, a agenda pela segurança viária
 
Na madrugada do dia 20 de maio de 1995, uma semana depois de ter completado 18 anos, Thiago de Moraes Gonzaga voltava de carona de uma festa quando o carro em que estava colidiu com um container estacionado irregularmente em uma avenida de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Thiago faleceu em decorrência do acidente e seus pais, Régis e Diza Gonzaga, resolveram criar uma organização não-governamental para ajudar na guerra sem tréguas à imprudência e outros fatores que estão na origem das mortes no trânsito.
 
Fundada a 13 de maio de 1996, e com forte trabalho de educação no trânsito desde então, na capital e também pelo interior gaúcho, a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga foi uma das organizações convidadas a participar da Primeira Conferência Ministerial Global sobre Segurança no Trânsito, realizada em Moscou, Rússia, entre os dias 19 e 20 de novembro de 2009. Durante o evento, a presidente da Fundação, Diza Gonzaga, recebeu o Prince Michael International Road Safety Awards, das mãos do Príncipe Michael of Kent. O prêmio é considerado o mais importante reconhecimento da área de segurança vária no mundo.
 
“Foi uma honra participar do evento que sacramentou a promoção da Década da Segurança Viária, levamos a nossa história e o propósito de lutar para que acidentes como o que ocorreu com o meu filho não continuassem acontecendo”, diz Diza Gonzaga, que em razão de sua trajetória foi convidada pelo atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para a diretoria institucional do DetranRS.
 
Foi justamente em decorrência de histórias como a de Thiago de Moraes Gonzaga que as Nações Unidas, sob a liderança da OMS, chegaram à decisão de promover a Década de Ação. Relatório publicado em 2004 pela OMS, em parceria com o Banco Mundial, o “World report on road traffic injury prevention“, abriu uma grande discussão em torno do tema nas organizações multilaterais. O relatório foi publicado depois que a OMS foi convidada, em decisão da Assembleia Geral da ONU, em abril daquele ano, a coordenar uma reflexão global sobre o tema, visando ações concretas pela segurança no trânsito.
 
A motivação central para a OMS liderar o debate era o fato de que acidentes de trânsito estavam matando mais de 1,2 milhão de pessoas e ferindo ou incapacitando até 50 milhões por ano. Esses acidentes tinham se tornado a principal causa de morte de crianças e jovens de 5 a 29 anos. A OMS também alertava que mais de 90% das mortes no trânsito eram registradas em países de baixa e média renda. Nesses mesmos países, os mais vulneráveis eram os pedestres, ciclistas, usuários de veículos motorizados de duas e três rodas e passageiros em transporte público inseguro.
 
O Brasil chegava à reunião de Moscou com números cada vez mais assustadores. Em quase cinco décadas, o número de mortes anuais em acidentes de trânsito havia aumentado mais de dez vezes, saltando de 3.356 em 1961 para 38.469 em 2009, segundo dados do Denatran e DATASUS.
 
Entre 1961 e 2000, o número de feridos nesses acidentes saltou 15 vezes, de 23.358 para 358.762, de acordo com as mesmas fontes. Em cinco décadas a proporção de mortes por 100 mil habitantes cresceu cinco vezes, indo de 4,6 em 1961 para 21,8/100.000 em 2010.
 
 
Acesse aqui a íntegra da reportagem "Brasil reduz mortes em acidentes de trânsito, mas tem longa estrada a percorrer até a segurança viária".
 
Jovens são a maioria das vítimas fatais – Outro aspecto inquietante é que os jovens de 18 a 34 anos representam a grande maioria dos óbitos em acidentes de trânsito no Brasil, sobretudo em caso da mistura letal envolvendo volante e bebida alcoólica. Contribuir para que essa triste estatística mude foi um dos motivos da criação da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, de Porto Alegre.
 
“Em uma madrugada fui recolher o meu filho no asfalto. Eu fui levá-lo a uma festa e ele embarcou de carona em uma viagem sem volta. Para evitar que outros jovens morressem de forma estúpida eu e meu marido criamos a Fundação com o nome do nosso filho”, lembra Diza Gonzaga, fundadora e presidente da instituição.
 
Desde 1996, a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga tem feito várias campanhas pelo trânsito seguro e consciente entre os jovens. No segundo semestre de 2017, a Fundação promoveu uma pesquisa, com apoio da Uber, sobre o comportamento da juventude em relação ao volante e ao uso de álcool. A pesquisa foi executada pelo Núcleo de Tendências e Pesquisa do Espaço Experiência – FAMECOS/PUCRS.
 
Uma das constatações foi a de que, apesar de consciência dos perigos da mistura de bebida e direção, entre os jovens que dirigem, 41,6% declararam já ter dirigido depois de beber. Ainda segundo a pesquisa, 79,3% dos jovens se manifestaram “totalmente favoráveis” à ´Lei Seca`. De modo geral, os jovens afirmam que souberam dos riscos de beber e dirigir através da família (60,7%), da mídia (57,3%) e das campanhas (44,4%).
 
Outra revelação foi a de que 62% dos jovens se consideram mais conscientes que a geração de seus pais. A pesquisa também mostrou que, para 85% dos jovens entrevistados, utilizar aplicativos se tornou a melhor forma de voltar para casa depois de consumir bebida alcoólica.
 
Em um país em que “as políticas públicas priorizam há tanto tempo os automóveis, vemos uma juventude cada vez mais cobrando investimentos em meios alternativos”, observa Diza Gonzaga. “Muitos jovens-adultos estão optando por “não” ter seu carro próprio, estão se locomovendo em bicicletas, skates, transporte coletivo e cada vez mais fazendo uso de aplicativos”, ela acrescenta.
 
“Temos uma geração mais consciente, que compreende que cada um dos atores do trânsito tem seu espaço e que a melhor e mais segura legislação é o respeito à vida. Uma juventude que quer se divertir, mas que também quer ter garantido o direito de ir e vir em segurança, sem que isso signifique ficar no meio do caminho”, diz a fundadora e presidente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, um dos destaques da atuação da sociedade civil na Conferência que sacramentou a realização da primeira Década de Ação para a Segurança Viária.
 
 
Fonte: Agência Social de Notícias - por José Pedro Soares Martins

 

 

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